Por Lúcio Flávio Pinto em 1/4/2008
Reproduzido do Jornal Pessoal nº 414, 1ª quinzena de abril/2008
Os desafetos do grupo Liberal não têm descanso: sempre que podem, os veículos de comunicação da empresa os vergastam. O reitor da Universidade Federal do Pará, Alex Fiúza de Mello, tornou-se um dos alvos permanentes da corporação pelo simples fato de se ter solidarizado comigo, quando da agressão que sofri, e aceitado ser testemunha num dos processos que Ronaldo e Romulo Maiorana Jr. instauraram contra mim, na vã tentativa de inverter os pólos da ação (eu, de vítima da agressão, passaria a réu das ofensas morais).
Nos ataques, o grupo Liberal não se deixa sensibilizar pela circunstância de que o professor concursado, doutor em ciência política, dirige a maior instituição de ensino superior do estado e da Amazônia, a segunda do país em número de alunos. Na obsessão de investir pessoalmente contra a pessoa que ousou não se sujeitar aos caprichos dos Maiorana, o grupo ofende a instituição acadêmica. Foi o que se repetiu na edição de O Liberal de domingo (23/3).
A Fadesp, fundação de pesquisa vinculada à UFPA, foi para a manchete do jornal, acusada de malversação de recursos, com base em denúncias feitas pela presidente da associação dos docentes, a Adufpa, Vera Jacob. Aparentando cumprir sua obrigação de ouvir a outra parte, o jornal publicou a contestação do presidente da fundação, João Guerreiro. Mas no pé da matéria, sem inclusão na manchete, que trombeteou apenas a acusação, dando-lhe a maior parte do espaço, justamente a mais nobre.
Motivo oculto
Na análise do dito e do contradito, fica claro que as acusações, de contratação sem licitação e outras irregularidades mais, não se sustentam, não estão provadas. Era preciso buscar novas provas, tarefa à qual O Liberal não se sujeitou. Preferiu simplesmente anexar a defesa, em tamanho menor e sem destaque, ao ataque, privilegiado pela edição, que o incorporou. O leitor que vá atrás da verdade, se quiser.
A reitoria da UFPA reagiu no dia seguinte com uma nota oficial, na qual ressalta o que qualquer leitor medianamente preparado terá concluído: de que, mais uma vez, a reportagem foi apenas um pretexto para que o desafeto do grupo Liberal pague pelo que fez, não o que está dito na matéria, mas o que está oculto nos propósitos da empresa, que ela escamoteia do distinto público: sua vingança. A nota não foi publicada pelo jornal, que albergou longa carta da assessoria de imprensa da Adufpa, retificando grande parte das informações atribuídas por O Liberal à presidente da entidade. A entrevista de Vera Jacob, sobre tão grave assunto, foi dada por telefone. A esse tipo de contato se limitou a reportagem do jornal.
Certamente há o que denunciar e criticar tanto na UFPA quanto na Fadesp. Mas quando o propósito verdadeiro está oculto, tudo o mais passa a ser secundário, circunstancial. Inclusive a verdade. Que só aparece nos veículos do grupo Liberal como propaganda – enganosa, é claro.
Humor
O jornalista Raymundo Mário Sobral morreu. Não na vida real, felizmente, para alívio dos seus muitos amigos e admiradores. Mas para o registro do grupo Liberal, no qual trabalhou por bastante tempo, no Amazônia. Como certamente tinha expectativa de manter uma relação profissional com o jornal número dois da corporação, Sobral se frustrou nessa experiência, compulsoriamente risonha e franca, e passou para o rival, o Diário do Pará, onde agora publica sua coluna de humor e amenidades.
A atitude é normal e rotineira em qualquer setor. Mas é encarada como pecaminosa na antiga casa. A pena para esse cometimento é a morte em vida, decretada sumariamente, sem apelo. Provavelmente por isso, matérias divulgadas nos veículos do grupo Liberal sobre o Salão de Humor da Amazônia omitiram a informação de que Sobral, agora um herege, é um dos dois homenageados no evento, junto com o médico Camilo Vianna.
Na página na qual uma longa matéria suprimiu o nome de Sobral, O Liberal abrigou uma bem posta crítica de Paulo Emmanuel à fraca presença de artistas paraenses nessa mostra, iniciada em 25/3: apenas três, num total de 92 que foram selecionados, 30 do Brasil e 62 do exterior. Os cartunistas e humoristas locais costumam ser acomodados e até relapsos, o que talvez explique a baixa participação. Cabia aos organizadores, porém, vencer a inércia e o relaxamento dos nossos artistas e buscá-los à base do arreio curto. A qualidade de alguns deles, especialmente ao enfrentar o tema do salão, fazia por merecer essa iniciativa. Sua ausência é tão evidente que provocou a reação de um de Paulo. Justa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário