sexta-feira, 10 de julho de 2009

Enquanto isso no G8...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Do Balaio do Kotscho

Prêmio de Lula orgulha o país, mas imprensa esconde

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na noite desta terça-feira, em Paris, o prêmio Félix Houphouët-Boigny concedido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura).

Presidido por Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, o júri premiou Lula “por sua atuação na promoção da paz e da igualdade de direitos”.

Não é um premiozinho qualquer. Entre as 23 personalidades mundiais que receberam o prêmio até hoje _ anteriormente nenhum deles brasileiro _ , estão Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, Yitzhak Rabin, ex-premiê israelense, Yasser Arafat, ex-presidente da Autoridade Nacional Palestina, e Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos.

Secretário-executivo do prêmio, Alioune Traoré lembrou durante a cerimonia na sede da Unesco que um terço dos vencedores anteriores ganhou depois o Prêmio Nobel da Paz.

Pode-se imaginar no Brasil o trauma que isto causaria a certos setores políticos e da mídia caso o mesmo aconteça com Lula.

Thaoré disse a Lula que, ao receber este prêmio, “o senhor assume novas responsabilidades na história”.

Mas nada disso foi capaz de comover os editores dos dois jornalões paulistas, Folha e Estadão, que simplesmente ignoraram o fato em suas primeiras páginas. Dos três grandes jornais nacionais, apenas O Globo destacou a entrega do prêmio no alto da capa.

Para o Estadão, mais importante do que o prêmio recebido por Lula foi a manifestão de dois ativistas do Greenpeace que exibiram faixas conclamando Lula a salvar a Amazônia e o clima. “Ambientalistas protestam durante premiação de Lula”, foi o título da página A7 do Estadão.

O protesto do Greenpeace foi também o tema das únicas fotografias publicadas pela Folha e pelo Estadão. No final do texto, o Estadão registrou que Lula pediu desculpas aos jovens ativistas, retirados com truculência pela segurança, e “reverteu o constragimento a seu favor, sendo ovacionado pelo público que lotava o auditório”.

“O alerta destes jovens vale para todos nós, porque a Amaz}ônia tem que ser realmente preservada”, afirmou Lula em seu discurso, ao longo do qual foi aplaudido três vezes quando pediu o fim do embargo a Cuba e a criação do Estado palestino, e condenou o golpe em Honduras.

“Sinto-me honrado de partilhar desta distinção. Recebo esse prêmio em nome das conquistas recentes do povo brasileiro”, afirmou Lula para os convidados das Nações Unidas.

A honraria inédita concedida a um presidente brasileiro, motivo de orgulho para o país, também não mereceu constar da escalada de manchetes do Jornal Nacional. A notícia da entrega do prêmio no principal telejornal noturno saiu ensanduichada entre declarações de Lula sobre a crise no Senado e o protesto do Greenpeace.

É verdade que ontem foi o dia do grande show promovido nos funerais de Michael Jackson, mas também ganhou destaque na escalada e no noticiário a comemoração pelos quinze anos do Plano Real (tema tratado neste Balaio na semana passada) promovida no plenário do Senado, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou para atacar Lula.

Diante da manifesta má-vontade demonstrada pela imprensa neste episódio da cobertura da entrega do Prêmio da Unesco, dá para entender porque o governo Lula procura formas alternativas para se comunicar com a população fora da grande mídia.

Muitas vezes, quando trabalhava no governo, e mesmo depois que saí, discordei dele nas críticas que fazia à atuação da imprensa, a ponto de dizer recentemente que não lia mais jornais porque lhe davam azia.

Exageros à parte, mesmo que esta atitude beligerante lhe cause mais prejuízos do que dividendos, na minha modesta opinião, o fato é que Lula não deixa de ter razão quando se queixa de uma tendência da nossa mídia de inverter a máxima de Rubens Ricupero, aquele que deu uma banana para os escrúpulos.

“O que é bom a gente esconde, o que é ruim a gente divulga”, parece ser mesmo a postura de boa parte dos editores da nossa imprensa com um estranho gosto pelo noticiário negativo, priorizando as desgraças e minimizando as coisas boas que também acontecem no país.

Valeu, Lula. Parabéns!

Comentário: O pior de tudo é que ainda tem gente que acredita que a imprensa protege o Lula.

P.S.: O link do Balaio do Kotscho está à direita em Política ou clique aqui

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Atenção Leitores Paraenses!

Deputado Edmar Moreira, "o homem do castelo", é absolvido pelo Conselho de Ética

O deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) foi absolvido pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (1). Não foi acatado o relatório de Nazareno Fonteles (PT-PI), que havia pedido a cassação no dia 17 de junho. Foram nove votos contrários ao relatório, quatro a favor e uma abstenção. Leia mais aqui .

Comentário: O que que isso tem a ver com nós paraenses?

Simples. Vejam quem são os deputados paraenses que votaram contra a cassação:

Wladimir Costa (PMDB-PA)
dep.wladimircosta@camara.gov.br

Lúcio Vale (PR-PA)
dep.luciovale@camara.gov.br

É isso aí gente, fiquemos atentos.

domingo, 21 de junho de 2009

Eduardo Guimarães recomenda: Panfletar é preciso

REGRAS PARA VOTAR BEM

Você sabia que haverá eleição presidencial no ano que vem? Se não sabia, é bom começar a se interessar pelo assunto, sobretudo se você é alguém que acha que sua vida melhorou nos últimos anos, porque a eleição que se aproxima poderá mudar o país – e sua própria vida – para pior.

Os candidatos a presidente da República mais bem posicionados nas pesquisas são o governador de São Paulo, José Serra, ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que governou o país entre 1994 e 2002, e a ministra Dilma Rousseff, candidata do presidente Lula, o presidente que está no governo federal desde 2003 até agora.

Para que você possa fazer uma escolha consciente de quem governará o país de 2011 a 2014, daquele que poderá mudar sua vida para melhor ou para pior, esses candidatos que mencionei (Dilma e Serra) devem ter suas atuações na administração pública fiscalizadas pela imprensa.

Um candidato é governador do Estado de São Paulo e a outra candidata é ministra do governo do Brasil. Tanto Serra quanto Dilma devem ser fiscalizados como nunca, pois um deles pode se eleger presidente e quem se elege presidente pode mudar muito nossas vidas.

Peço a você que lê este texto que reflita sobre quanto de informação você recebe dos jornais, das tevês e das rádios sobre cada candidato. O normal seria que você visse elogios e críticas aos dois candidatos (Dilma e Serra) nos jornais, nas rádios e tevês.

Será que é isso o que está acontecendo?

Algumas perguntas que você deve se fazer:

· O que você se lembra de ter visto sobre Dilma e sobre Serra na imprensa?

· A imprensa está dizendo a você que Dilma é a candidata de Lula e que Serra é o candidato de Fernando Henrique Cardoso?

· Os jornais, rádios e tevês têm feito reportagens sobre as atuações de Dilma no governo Lula e de Serra no governo de São Paulo ou só de um deles?

· Você viu críticas e acusações contra Dilma na imprensa?

· Você viu críticas e acusações contra Serra na Imprensa?

· Você acha que um está sendo mais criticado que o outro ou que algum deles aparece muito pouco na imprensa?

Para que você tome uma decisão correta na eleição do ano que vem, é bom que saiba que é impossível que só um dos candidatos sofra acusações e críticas na imprensa. Acusações, críticas e elogios haverá para os dois lados.

Se você se lembra de ter visto nas tevês, rádios e jornais acusações e críticas só a Dilma ou só a Serra, é porque esses meios de comunicação estão escondendo críticas a um dos candidatos. Se a imprensa traz notícias apenas sobre a atuação de um dos candidatos e não diz nada sobre a atuação de outro, ela está tentando manipular sua opinião.

Não se iluda: a imprensa (os jornais, as rádios, as tevês, as revistas, os portais de internet) têm candidato preferido. Não acredite se disserem que não preferem um dos candidatos. Se disserem ou insinuarem isso, estarão mentindo.

Lembre-se que só há democracia quando os que disputam um cargo público têm as mesmas chances e dificuldades. Quando as tevês, jornais e rádios ficam do lado de um dos candidatos (Serra, por exemplo), é porque têm algum acordo suspeito com ele.

Seja um democrata e exija da imprensa que trate da mesma forma todos os candidatos em eleições. Se há críticas e acusações a um, com certeza há também ao outro. Se estiver lendo ou assistindo críticas só a Dilma ou só a Serra, algo está errado. Se a imprensa só noticia a administração de um deles, algo está errado.

Cuidado para não ser manipulado. O interesse da imprensa nem sempre é o seu. São empresas que visam lucro e que, por terem o poder de influir na sua opinião, freqüentemente recebem “ajuda” de políticos. Muitas vezes, ajuda financeira – e com o dinheiro dos seus impostos.

Da Agência Carta Capital

Aplausos censurados, o desespero da mídia

Em recente viagem a Genebra, o presidente Lula foi ovacionado ao discursar no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Depois, foi aplaudido seis vezes ao criticar o Consenso de Washington e o neoliberalismo na plenária da OIT. O silêncio da grande imprensa foi gritante.

Os governos militares censuravam a imprensa para impedir a denúncia de torturas, de escândalos administrativos e quaisquer notícias que evidenciassem as crises e a divisão interna do regime. A censura política das informações, institucionalizada pela Lei de Imprensa e pela Lei de Segurança Nacional, foi um dos pilares de sustentação da noite dos generais. Esse era o preço imposto pela ditadura.

Passados mais de 20 anos da redemocratização, com a crescente centralidade adquirida no processo político, a grande mídia comercial tomou para si o papel de autoridade coatora. Sem qualquer pretensão de exercer papel decisivo na promoção da cidadania, não mais oculta seu caráter partidário e deixa claro quais políticas públicas devem permanecer fora do noticiário.

A construção negativa da persona política de lideranças políticas do campo democrático-popular tornou-se o seu maior imperativo. Invertendo a equação da história "republicana" recente, há seis anos a imprensa passou a censurar o governo. Esse é o preço imposto pelo jornalismo de mercado; pelas relações de compadrio entre redações e oposição parlamentar, e pela crise identitária dos que foram desmascarados quando se esmeravam para definir qual era a “democracia aceitável”.

Com o esgotamento do modelo neoliberal, sentindo-se cada vez mais ameaçada como aparelho privado de hegemonia, a edição jornalística já não se contenta mais em subordinar a apuração ao julgamento sumário de fatos e pessoas. Censurar registros que sejam incômodos aos seus interesses político-econômicos, deslegitimado uma estrutura narrativa viciada, passou a fazer parte da política editorial do jornalismo brasileiro.

Em recente viagem a Genebra, o presidente Lula foi ovacionado ao discursar no Conselho Nacional de Direitos Humanos da ONU. Depois, segundo relato da BBC, " foi aplaudido seis vezes" ao criticar o Consenso de Washington e o neoliberalismo na plenária da OIT. O silêncio dos portais da grande imprensa e a ausência de qualquer referência ao fato nas edições da Folha de São Paulo, Globo e Estadão foi gritante.

Representou o isolamento acústico dos aplausos recebidos. Uma parede midiática que abafa o “barulho insuportável" na razão inversa com que ampliou as vaias orquestradas na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-Americanos em 2007, no Rio de Janeiro. Nada como um aparelho ideológico em desespero.

Se pesquisarmos as raízes do comportamento dos meios de comunicação, veremos que elas nos dirão o quanto já é forte a desagregação da ordem neoliberal a qual serviram desde o governo Collor, passando pelos dois mandatos de FHC. Durante doze anos (de 1990 a 2002), a sociedade civil sofreu rachaduras sob os abalos devastadores da "eficiência" de mercado. Elas afetaram a qualidade da história, as probabilidades de uma República democrática e de uma nação independente.

Lula aparece como condensação das forças sociais e políticas que se voltaram para a construção de um novo contrato social. O tucanato, com apoio de seus porta-vozes nas redações, figura como ator que tenta reproduzir o passado no presente, anulando ganhos e direitos sociais. O que parece assustar colunistas, articulistas e blogueiros é o crescente repúdio á truculência infamante que produzem diariamente. Salvo, claro, a parcela da classe média que tem no denuncismo vazio e no rancor classista elementos imprescindíveis à sua cadeia alimentar. Aquele restolho que costuma pagar a ração diária com comentários insultuosos, sob a proteção do anonimato.

É preciso ficar claro que estamos avançando. Ou os de cima aprendem a conviver com os de baixo, ou como na fábula da cigarra e da formiga, poderão descobrir o arrependimento tarde demais. Seria interessante para a própria imprensa que trocasse os insultos de seus escribas mais conhecidos pelo debate verdadeiramente político. Aquele que busca compreender as condições sociais, políticas, culturais e econômicas de uma modernização que, por não promover exclusão, representa revolução democrática combinada com mudança social. Isso inclui aplausos, mesmo que abafados.


Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa.