domingo, 17 de janeiro de 2010

Cultura: Do Portal Vermelho

16 de Janeiro de 2010 - 17h39

Filme causa delírio em quem tem ódio irracional contra Lula

Eu nunca tinha ouvido falar na história do cinema de uma campanha difamatória tão contundente e sistemática como a que a chamada “grande imprensa” tem feito contra o filme Lula, o Filho do Brasil. Nem mesmo os ataques de católicos fundamentalistas contra a A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, chegaram a tanto.

Por André Lux, em seu blog

Mas para decifrar de onde vem esse ódio todo, é preciso primeiro entender como funciona a lógica da indústria cultural criada a partir de Róliudi e exportada mundo afora.

Existem duas fórmulas para se fazer filmes com pessoas pobres que são aceitas pelos donos do poder. A primeira é a do “pobre que venceu na vida e ficou rico” e a segunda a que ensina que “os pobres, apesar de não terem dinheiro, são muito mais felizes que os ricos”.

Uma serve para vender a ilusão de que o capitalismo oferece oportunidades iguais a todos e para chegar lá no topo da pirâmide social basta se esforçar muito, seguir as regras e fazer muitas horas extras (de preferência sem remuneração, tipo “vestir a camisa” do patrão). Essa aproximação pode ser vista em filmes como À Procura da Felicidade, com Will Smith.

Já a outra funciona perfeitamente para convencer os que vivem na base da pirâmide que os ricos, mesmo tendo rios de dinheiro e acesso a tudo que existe de bom e de melhor, no fundo são todos infelizes, solitários e amargurados, enquanto os pobres são bem mais unidos, animados e felizes. Essa ladainha torpe pode ser encontrada em qualquer uma das famigeradas novelas da rede Globo ou em filmes como Antes de Partir, com Jack Nicholson e Morgan Freeman.

Lula, o Filho do Brasil não se encaixa em nenhuma dessas fórmulas, pois mostra a trajetória de alguém que saiu da miséria, lutou muito e venceu na vida, chegando a ser presidente do Brasil, mas mantendo-se fiel aos seus princípios ideológicos e políticos e sem nunca se esquecer de onde veio ou daqueles que vivem como ele viveu. Obviamente, não é o tipo de mensagem que os donos da revista Veja gostam de verem sendo veiculadas país afora, pois dá mau exemplo à “gentalha”!

Mas a verdade é que a extrema-direita hidrófoba brasileira com essa campanha de difamação toda acaba, mais uma vez, dando um tiro no próprio pé, pois faz muito barulho por quase nada. Afinal, a polêmica toda criada em torno do filme somente vai servir para levar mais pessoas aos cinemas para ver um filme que, por méritos próprios, nem merecia tamanha atenção.

Embora esteja longe de ser o desastre anunciado pela imprensa que busca o lucro acima de tudo, Lula, o Filho do Brasil também não é nenhuma obra-prima. Em minha opinião, a culpa maior é do diretor Fábio Barreto, que filma tudo de forma burocrática e não consegue tirar o melhor do excelente elenco que teve à disposição. Falta dinamismo e naturalidade ao filme que perde feio, por exemplo, para 2 Filhos de Francisco, que tinha temática semelhante, mas era bem melhor realizado.

Outro problema é o roteiro, que não sabe aprofundar os personagens (principalmente os secundários, como os irmãos do protagonista, que viram quase figuração) e limita muito a narrativa à relação de Lula com sua mãe, dona Lindu (a sempre confiável Glória Pires). O filme padece também da falta de conflitos e mesmo de suspense e só se sustenta devido à história de Lula, emocionante por si mesma, e à excelente atuação de Rui Ricardo Diaz que em alguns momentos parece “encarnar” o biografado.

Obviamente, a obra tem qualidades positivas, como a trilha musical de Antonio Pinto e Jacques Morelembaum, e o figurino que recria com perfeição as roupas de época, especialmente as usadas nos anos 70.

A acusação de que o filme seria eleitoreiro é uma idiotice sem tamanho. Puro delírio de quem tem preconceito e ódio irracional contra Lula, pois ele não faz em nenhum momento panfletagem político ideológica em favor do biografado, limitando-se apenas a narrar cronologicamente os fatos da vida do atual presidente. O que deve incomodar a turma da direita, além daquilo que já apontei lá em cima, é, pasmem, que o filme mostra que Lula é afinal de contas apenas um ser humano como qualquer outro. E isso torna difícil para seus detratores satanizá-lo como sempre fizeram.

Embora mediano como cinema, Lula, o Filho do Brasil merece ser visto, pois é um registro necessário da trajetória quase milagrosa desse homem que, contra tudo e contra todos, tornou-se, para desespero da direita, o presidente da República mais popular da história do país.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Do Azenha:

Sampaio: Globo deturpa

Atualizado em 09 de janeiro de 2010 às 20:56 | Publicado em 09 de janeiro de 2010 às 12:45

Globo deturpa Programa Nacional de Direitos Humanos

por Mauro Sampaio, no AcessePiauí

A TV Globo (e toda a grande mídia) faz o que bem entende com a concessão que lhe é dada pelo Estado. Pode até deturpar, manipular e descontextualizar informações para alcançar o seu objetivo empresarial, acima sempre do interesse público e da própria democracia. A Globo também se deu bem com a ditadura. Sua força é tanta que ela mobiliza agentes do governo para criticar o governo. Dizem até que tem um ministro, o das Comunicações, Hélio Costa.

Ontem (8), a poderosa emissora decidiu transformar em inimigo da democracia e da imprensa livre o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), instituído pelo Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009. Como de costume, ela arregimentou “especialistas” para provar que as diretrizes do PNDH-3 são perigosas.

Os três maiores jornais do País (O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo) deram manchete neste sábado (9) à “crise” gerada pelo programa. Atenderam à ordem da Globo de fazer campanha contra o eixo orientador do decreto que coloca em discussão questões como reforma agrária, fortalecimento da agricultura familiar, distanciamento do Estado de símbolos religiosos e a “garantia de acesso de todos os indivíduos aos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, e incorporando a preocupação com a preservação e a sustentabilidade como eixos estruturantes de proposta renovada de progresso”.

A Globo não disse aos seus telespectadores que são apenas diretrizes, que o decreto não impõe nada e que a discussão sobre que O PNDH-3 segue a mesma balada dos dois anteriores, aprovados no governo Fernando Henrique Cardoso.

Mas o que pegou mesmo para a poderosa é o objetivo de “promover o respeito aos Direitos Humanos nos meios de comunicação e o cumprimento do seu papel na promoção da cultura dos Direitos Humanos”. Isso significa cerceamento para a grande imprensa. A Globo (e quem lhe segue) não suporta a ideia de ter deveres.

São ações programáticas insuportáveis para a Globo contidas no PNDH-3:

“Propor a criação de marco legal regulamentando o art. 221 da Constituição, estabelecendo o respeito aos Direitos Humanos nos serviços de radiodifusão (rádio e televisão) concedidos, permitidos ou autorizados, como condição para sua outorga e renovação, prevendo penalidades administrativas como advertência, multa, suspensão da programação e cassação, de acordo com a gravidade das violações praticadas.”

“Suspender patrocínio e publicidade oficial em meios que veiculam programações atentatórias aos Direitos Humanos.”

“Avançar na regularização das rádios comunitárias e promover incentivos para que se afirmem como instrumentos permanentes de diálogo com as comunidades locais.”

E a mais insuportável de todas as ações propostas:

“Elaborar critérios de acompanhamento editorial a fim de criar ranking nacional de veículos de comunicação comprometidos com os princípios de Direitos Humanos, assim como os que cometem violações.”

Tradução da Globo (da grande mídia): o governo quer cercear a liberdade de expressão.

O jornal O Estado de S. Paulo pelo menos ouviu o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, relator da Organização das Nações Unidas (ONU) na área de direitos humanos, que ajudou a elaborar a redação dos dois primeiros programas. Para ele, as críticas são “infundadas” pelas seguintes razões:

“Não foi o presidente Lula quem inventou isso (Programa Nacional de Direitos Humanos). Essa é a terceira edição do programa. Os dois anteriores, lançados em 1996 e em 2002, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, tinham a mesma abrangência do programa que está sendo debatido agora. E tanto Lula quanto Fernando Henrique acertaram, porque direitos humanos não abarcam apenas direitos civis e políticos, como se imagina. Eles abrangem também questões como a fome, o racismo, gênero, distribuição de renda, salário, acesso à cultura, proteção das crianças contra a violência e muitas outras coisas. Não se fez antes porque a ditadura não aceitava.”

Agora quem não quer aceitar é a “plural e democrática” TV Globo.

Clique aqui e leia a íntegra do Decreto nº 7.037/09